Tecnologia permite reúso do gás carbônico na produção de diesel

Por Rodrigo Leitão para A Midia do Petroleo.

Um grupo de químicos norte-americanos está desenvolvendo um sistema revolucionário de produção de energia limpa. Trata-se de uma tecnologia que permite utilizar o gás carbônico gerado em processos industriais para substituir o petróleo na produção de diesel, metanol e outros combustíveis. “É um projeto fantástico, em que realizamos, de forma controlada, uma reação química similar à fotossíntese”, conta a cientista Nancy Jackson, do Sandia Laboratories, dos EUA, empresa responsável pelo projeto. Nancy esteve no Brasil esta semana para a 34ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), que terminou na quinta-feira (dia 26), em Florianópolis. O evento, que celebrou o Ano Internacional da Química, reuniu mais de 4,5 mil químicos, pesquisadores e professores, e celebrou o Ano Internacional da Química.

Em entrevista ao NN, o presidente da Associação Brasileira de P&D em Petróleo e Gás e professor do Instituto de Química da UFRJ, Cláudio Mota, que esteve na apresentação da cientista americana, explica que o processo de conversão de CO2 em monóxido de carbono (utilizado em diversos processos químicos), é feito fundamentalmente através do calor do sol. “Os cientistas estão no deserto dos Estados Unidos, onde o clima é favorável, o grau de insolação é muito grande. Ela (a pesquisadora Nancy) tem um dispositivo que parece uma roda, onde ela deixa exposto um material cerâmico à radiação solar e aquece esse material a uma temperatura próxima ou até mais de 1.000 graus”, diz Mota.

Uma vez aquecida, essa cerâmica especial começa a ter propriedades de converter o CO2 à monóxido de carbono. Uma vez que essa roda chegue a temperatura desejada, os cientistas a giram, fazendo com que uma parte dela não fique mais exposta ao sol. Em seguida é passado um fluxo de CO2, que sai na forma de CO do outro lado. O CO2 interagindo com essa cerâmica quente é transformado em monóxido de carbono, posteriormente gerando oxigênio nesse processo. Cláudio explica ainda que esse monóxido pode entrar em processos tradicionais da indústria petroquímica.

O professor Cláudio Mota e sua equipe também estão fechando projetos com algumas empresas para a conversão química de CO2, mas o foco seria o etanol e carbonatos orgânicos (insumos para produção de plásticos). “A diferença é que nós não chegamos a essas temperaturas tão altas, nós utilizamos temperaturas bem menores e catalizadores específicos. Esse é basicamente o estudo que nós temos feito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), junto com outra professora”, diz ele

Folhas artificiais viram combustíveis através do sol

Cientistas estão trabalhando em folhas artificiais que podem produzir combustível a partir da luz do sol, da água e do dióxido de carbono, assim como as naturais, segundo reportagem do “New York Times”. De acordo com o professor Gary Brudvig, da Universidade de Yale, que estuda a fotossíntese, o foco é usar os princípios da natureza para desenvolver uma folha artificial e completou. “Se a natureza pode, também podemos”.

Segundo Brudvig, as folhas artificiais são novas nos laboratórios, mas ainda são muito caras, frágeis ou ineficientes para competir comercialmente com combustíveis fósseis. Um dos pesquisadores, Daniel Nocera, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), quer começar colocando estes sistemas nos telhados das casas dos países em desenvolvimento. Em março ele demonstrou a última versão de sua folha artificial no encontro nacional da American Chemical Society, com materiais baratos e água comum.


Referencia: LEITÃO,R. (2011). Tecnologia permite utilizar gás carbônico na produção de diesel combustível. NN – A mídia do Petróleo. Brasil.
<https://geopoliticadopetroleo.wordpress.com/2011/05/28/2690/>

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